Cirurgia da valva mitral
- Vinícius Costa
- 7 de dez. de 2019
- 3 min de leitura
Atualizado: 11 de dez. de 2019
Hoje vamos falar sobre cirurgia na valva mitral: opções de cirurgia e tipos de prótese.
Você já deu o primeiro passo, procurou seu cardiologista e seu cirurgião, você fez os exames e optaram pelo tratamento cirúrgico. Isso é ótimo. Foi feita a avaliação de risco e benefício, e tem grande chance de um retorno às atividades diárias e melhora da sua qualidade de vida.
O primeiro pensamento do cirurgião é: precisamos preservar ao máximo as estruturas normais. Podemos fazer uma plastia? A plastia é um reparo realizado na própria valva do paciente, preservando os folhetos e implantando um anel. Esse anel vai funcionar como um esqueleto, reforçando a estrutura do anel valvar.
E se não for possível preservar os folhetos? Isso acontece na calcificação da válvula, espessamentos ou casos de infecção grave, que chamamos de endocardite.
Então partimos para substituição das estruturas doente por uma prótese, que pode ser biológica, ou mecânica.
Na prótese biológica, produzida a partir da válvula do porco ou pericárdio do boi (é a membrana que envolve o coração bovino), temos a dinâmica que imita a valva normal. Então o paciente se pergunta: mas feita de animal? E um animal sujo! eu não posso pegar uma infecção? Não. São materiais de altíssima tecnologia e controle estrito. Essa prótese biológica tem duração esperada de 8 a 12 anos, e próteses com tratamento químico especial podem atingir 15 anos ou mais. Elas vão exigir uso de anticoagulante por apenas 3 meses.
A outra opção é a prótese mecânica, muitas vezes chamada de forma incorreta de metálica. Atualmente elas não são feitas de metal, são feitas de carbono pirolítico. Grande vantagem da prótese mecânica é que tem intenção de ser a cirurgia definitiva. A prótese não apresenta desgaste comparável às biológicas, então costumam durar muitos e muitos anos, mais de trinta geralmente. Então, não operar de novo pode ter certeza que é o desejo de qualquer um. MAs ela tem um detalhe: o uso da varfarina, que é o anticoagulante (medicação que reduz a capacidade de coagulação do sangue, evitando a formação de trombos ou coágulos no interior do coração e vasos do paciente), requer acompanhamento laboratorial (sim, tem que ir lá tirar sangue) no máximo a cada duas ou três semanas e necessita de dieta específica (já tem um vídeo no forno! com uma nutricionista excelente!). Essas mudanças de hábito devem durar pela vida toda, pelo risco de formação de um coágulo e atrapalhar o fluxo de sangue na válvula.
E as válvulas trasncateter?
Elas são a opção mais nova de tratamento e tem ótimos resultados, mas com indicações muito específicas. Ou seja: não são indicadas em qualquer caso. Similar ao cateterismo e angioplastia, mas nesse caso transportamos uma prótese fechadinho pelo cateter, e implantamos essa prótese sobre a valva nativa ou ainda dentro de uma prótese biológica previamente implantada.
Então resumindo:
Preferimos preservar a válvula do paciente e fazer uma plastia. Quando não é possível, temos a opção das próteses biológicas e das mecânicas.
Na biológica temos a vantagem do uso temporário do anticoagulante, mas a desvantagem de outra cirurgia no futuro. Na mecânica ocorre o contrario: cirurgia teoricamente definitiva, mas a necessidade do uso do anticoagulante até o fim da vida.
Bem, é isso, eu espero ter ajudado. Outras dúvidas ou informações direcionadas, entrem em contato aqui pelos links no site, vamos agendar uma consulta e você vai sair seguro das suas decisões. Muito obrigado pela atenção, e um abraço.
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